quinta-feira, 19 de maio de 2011

um dia talvez..

Por vezes sinto um nervosismo como o da primeira vez. Viro a esquina e o medo volta-me a controlar. Temo ter que me deparar de súbito contigo. Temo ter que te olhar e agir como se não te conhece-se, como se nada fosse.  O meu coração acelera. Finalmente viro a esquina e não estás lá. Um alivio inunda o meu coração. Paro, hesito, e voltou a olhar em meu redor. Realmente procuro-te algures entre a multidão. No fundo o meu coração queria ter que encarar, naquela esquina, com a tua modesta presença, apesar de todo o medo e mal que posteriormente poderia me causar a mim e a ele. Tudo o que me inundava os pensamentos e, ao mesmo tempo, o coração, naquele exacto momento, eras tu. Queria ir me embora dali, mas não conseguia, sentia-me frágil... mas sabia que era altura de erguer a cabeça e abstrair-me da tua imagem, da recordação que tenho da tua presença.
Sinto raiva de mim própria, por ser tão sensível ao sentimento que muitos manipulam por aí, o sentimento a que todos chamam de "AMOR" por tudo e por nada. Sim, sou sensível a esse sentimento; sim, sou sensível a cada recordação que me fazes ter; sim, sou sensível a cada beijo que um dia me deste... sim, sou sensível a ti. Sinto-me perdida, sozinha, mesmo no meio desta multidão que acompanha o meu dia-a-dia, sinto-me triste e meia derrotada, mesmo apesar do sorriso que ainda consigo mostrar, como protecção, como um pequeno disfarce para afastar todas as perguntas, que apenas me iriam magoar mais, e ao contrário de tudo aquilo que eu digo a mim própria, ao contrário do que tento todos os dias meter na cabeça, não deixo de ter saudades tuas, eu sei que no meu interior ainda existem sentimentos que batem insensatamente por ti, mas isso não basta. Nunca bastou , não é verdade?
Talvez por medo? Talvez por não me quereres magoar? 
Não sei, sinceramente há tantas dúvidas que constantemente controlam a minha mente, há uma vontade enorme de as esclarecer, há uma esperança  de um dia talvez a coragem triunfar por mim e por ti e sentir, finalmente, que fiz o que podia.





terça-feira, 3 de maio de 2011

o dia...

Chegou as nove em ponto, ponho um pé fora do cama e sinto uma enorme pressão sobre mim mesma. Não aguento e deixo-me cair. Sento-me na cama, olho em meu redor, e sinto as minhas pernas a tremer. Sentia que precisava de forças, sentia que era a altura de um tudo ou nada. Assim levantei-me e vesti-me calmamente. Saio pela porta da rua, e deparo-me  no meio de uma rua imunda e cheia de gente a correr de um lado para o outro. Foi num dia completamente normal e agitado de uma cidade. Toda a gente corria, uns porque estavam atrasados para o trabalho e outros porque simplesmente corriam. Toda a gente acenava aos conhecidos, aos amigos e até aos desconhecidos, e eu? Eu parei no meio de todo aquela agitação, com um nervosismo que fazia as minhas pernas congelarem. Não me movia, tinha medo , não sabia como reagir . Era estúpido baixar os braços e render-me a tudo aquilo, render-me a estes sentimentos que só tu mos deste. Render-me a este desafio que se pôs em minha frente sem eu ter a única opção de escolher "não não quero passar por isto". Mas era o momento, e não podia ficar para depois, essa não era a opção. Segui o meu caminho, no meio daquela agitação matinal num dia demasiado quente para aquele mês de Abril, e sem paragem, nem com tentações de desistir , finalmente cheguei à tua porta. Toquei , abriste. Era tarde demais para voltar atrás. Estavas à minha frente. Com o teu jeito tal como na primeira vez. No fundo sabia que sentias uma tensão entre nós. A distancia apoderou se de nós naquela manhã. E as palavras custavam a sair, sofria por dentro, mesmo não o demonstrando. Eu olhava para ti, e sorria. Conversas banais iniciaram aquele discurso interminável, queria ter opções, mas não tinha. Mas finalmente abrira-te o meu coração...Não queria que uma única lágrima me inunda-se os olhos e percorre-se a minha cara, mas foi incontrolável. Não suportava mais aquela indiferença que se tinha apoderado de nós dois, aquele desprezo que demonstravas mais a cada dia que passava. Afastas-te-nos. Deixas-te de acreditar em nós...  Sem explicações, sem perguntas, ouviste-me até ao fim. E por fim disseste: " Que queres fazer então?". Olhei te, sem uma palavra, mas as forças esgotaram-se, e o meu olhar desviou-se. O silêncio apoderou-se do tempo, daquele quarto, de nós. Soubeste delicadamente cortá-lo e mostraste-te inseguro, eu senti. Quis olhar-te, mas não era capaz, só ouvia a tua voz na minha cabeça : "... seguimos cada um o seu caminho..." . Era essa a frase que fez o meu coração cair. Sabia que aquele momento ia chegar, mas não sabia o quanto iria custar. Custou. Mas ambos concordámos; seria o melhor? Não sei, eu gostava de ti, queria-te abraçar, mas não podia. 
Despedi-me de ti com um simples beijo na cara , e levei um teu comigo. As minhas pernas tremiam, queria me ir embora dali. Eu manti-me intacta, mas não por muito tempo. Bastou fechar a porta que separava o teu mundo do meu e... foi impossível manter a minha cara limpa de lágrimas. Foi impossível não cair. Foi impossível não resistir àquela despedida. Olhei mais uma vez para trás... uma última vez e naquele dia tudo se tornara num "nada"...


                                    
depois de todos estes passos, depois de toda a confiança e cumplicidade partilhada, estragas-te tudo!