Por vezes sinto um nervosismo como o da primeira vez. Viro a esquina e o medo volta-me a controlar. Temo ter que me deparar de súbito contigo. Temo ter que te olhar e agir como se não te conhece-se, como se nada fosse. O meu coração acelera. Finalmente viro a esquina e não estás lá. Um alivio inunda o meu coração. Paro, hesito, e voltou a olhar em meu redor. Realmente procuro-te algures entre a multidão. No fundo o meu coração queria ter que encarar, naquela esquina, com a tua modesta presença, apesar de todo o medo e mal que posteriormente poderia me causar a mim e a ele. Tudo o que me inundava os pensamentos e, ao mesmo tempo, o coração, naquele exacto momento, eras tu. Queria ir me embora dali, mas não conseguia, sentia-me frágil... mas sabia que era altura de erguer a cabeça e abstrair-me da tua imagem, da recordação que tenho da tua presença.
Sinto raiva de mim própria, por ser tão sensível ao sentimento que muitos manipulam por aí, o sentimento a que todos chamam de "AMOR" por tudo e por nada. Sim, sou sensível a esse sentimento; sim, sou sensível a cada recordação que me fazes ter; sim, sou sensível a cada beijo que um dia me deste... sim, sou sensível a ti. Sinto-me perdida, sozinha, mesmo no meio desta multidão que acompanha o meu dia-a-dia, sinto-me triste e meia derrotada, mesmo apesar do sorriso que ainda consigo mostrar, como protecção, como um pequeno disfarce para afastar todas as perguntas, que apenas me iriam magoar mais, e ao contrário de tudo aquilo que eu digo a mim própria, ao contrário do que tento todos os dias meter na cabeça, não deixo de ter saudades tuas, eu sei que no meu interior ainda existem sentimentos que batem insensatamente por ti, mas isso não basta. Nunca bastou , não é verdade?
Talvez por medo? Talvez por não me quereres magoar?
Não sei, sinceramente há tantas dúvidas que constantemente controlam a minha mente, há uma vontade enorme de as esclarecer, há uma esperança de um dia talvez a coragem triunfar por mim e por ti e sentir, finalmente, que fiz o que podia.